No artigo de hoje falaremos sobre os tipos de malformação da orelha externa. Você entenderá o que é uma malformação, as possíveis causas e será apresentado a algumas das mais comuns – indo desde condições bastante conhecidas até outras relativamente raras.
Como sempre, destacamos que artigos como esse do Blog do Doutor Orelhinha têm o objetivo de divulgar informação e ajudar a diminuir o estigma e apresentar tratamentos possíveis, mas nunca devem servir como fonte para auto-diagnóstico. Caso você acredite que tem alguma condição aqui descrita, procure o médico.
O que é uma malformação da orelha externa?
A orelha externa (a parte visível da nossa orelha) é uma estrutura complexa e delicada que desempenha um papel na nossa audição, mas também tem um forte fator estético e social.
Uma malformação da orelha externa é uma anomalia no desenvolvimento desta parte do sistema auditivo, resultando em características anatômicas que diferem do padrão considerado normal.
A seguir, discutiremos o que define uma “malformação” da orelha externa, suas causas, bem como os fatores genéticos e ambientais que podem influenciar o seu desenvolvimento.
O que define uma “malformação” e o que é uma malformação da orelha externa?
Uma malformação é uma alteração estrutural em um órgão ou parte do corpo que ocorre durante o desenvolvimento embrionário. No contexto da orelha externa, uma malformação se manifesta como uma irregularidade anatômica visível.
Isso pode incluir diversas variações na forma, tamanho e localização das estruturas auriculares, tais como a ausência total ou parcial de determinadas partes da orelha, orelhas proeminentes, orelhas pequenas demais, dobras anormais ou a presença de apêndices extras.
No contexto deste artigo, nós utilizamos como referência tanto artigos médicos, quanto a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (a lista CID).
O que causa malformações da orelha externa?
As malformações da orelha externa podem resultar de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Algumas das causas incluem:
Fatores Genéticos
Herança Genética
Muitas malformações da orelha externa têm uma base genética. Se um ou ambos os pais têm uma história de malformações auriculares em suas famílias, há uma maior probabilidade de que a criança também desenvolva uma malformação.
a Genética
Em alguns casos, mutações genéticas podem levar a malformações da orelha externa. Essas mutações podem ocorrer espontaneamente ou serem herdadas dos pais.
Síndromes Genéticas
Algumas síndromes genéticas, como a Síndrome de Treacher Collins e a Síndrome de Goldenhar, estão associadas a malformações da orelha externa, juntamente com outras características físicas e médicas. Ou seja, temos uma malformação da orelha externa como parte de um quadro mais amplo.
Fatores Ambientais
Exposição a Teratógenos
Teratógenos são substâncias ou agentes que podem causar defeitos congênitos durante o desenvolvimento fetal. O álcool, tabaco e drogas, por exemplo, podem influenciar negativamente o desenvolvimento da orelha externa se a mãe for exposta a essas substâncias durante a gravidez.
Infecções Prenatais
Certas infecções, como a rubéola, que ocorrem durante a gravidez, podem aumentar o risco de malformações da orelha externa no feto.
Fatores Mecânicos
Traumas durante o parto ou compressão anormal do feto no útero podem causar malformações da orelha externa.
Em resumo, as malformações da orelha externa são anomalias no desenvolvimento do pavilhão auricular, que podem ser desencadeadas por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. É importante destacar que, embora essas malformações possam afetar a aparência estética – e portanto a autoestima e saúde mental –, elas geralmente não têm um impacto significativo na audição.
O tratamento e correção de malformações da orelha externa podem ser considerados com base na necessidade estética e no bem-estar psicológico do indivíduo afetado.
Malformação da orelha externa: veja algumas das mais comuns
Macrotia
A macrotia é uma malformação congênita caracterizada pelo tamanho das orelhas, desproporcionalmente grande em relação ao rosto. A condição, popularmente, também pode ser conhecida apenas como “orelhas grandes”.
A macrotia pode causar desconforto e problemas de autoestima, mas não costuma vir acompanhada de nenhuma outra intercorrência e não afeta a saúde auditiva da pessoa.
Normalmente, pessoas com macrotia têm orelhas maiores do que 7 cm (da extremidade superior à ponta do lóbulo), mas o diagnóstico depende também das proporções e do tamanho do rosto.
Tratamento: a macrotia pode ser corrigida por meio da cirurgia de macrotia. O procedimento é considerado bastante simples e seguro, sendo normalmente realizado com anestesia local e alta no mesmo dia.
Você pode conferir mais informações no nosso artigo Macrotia: Conheça a Cirurgia para Correção de Orelhas Grandes.
Microtia
Se a macrotia é a malformação das orelhas grandes você, provavelmente, já conseguiu imaginar que a microtia se trata do quadro oposto, em que as orelhas são pequenas.
O diagnóstico normalmente é bastante simples, já que as orelhas são visivelmente menores que o comum e, em alguns casos, tão subdesenvolvidas que mal podem ser vistas.
No entanto, esta malformação se dá, normalmente, no primeiro trimestre de gestação e, por isso, não é incomum que o bebê que nasça com a condição também seja afetado por malformações em outras áreas que se desenvolvem no mesmo período, como os rins e o coração. Portanto, as orelhas pequenas, mesmo que a criança não apresente outros problemas aparentes, são um sinal amarelo para que outras condições sejam investigadas.
Nos graus mais leves e mais comuns da microtia, a malformação pode ter pouca ou nenhuma intercorrência na audição; já nos graus em que há uma atresia parcial ou total, há comprometimento da audição, podendo até haver surdez.
O tratamento mais comum é cirúrgico, por meio de uma cirurgia de reconstrução de região que comumente utiliza-se da cartilagem de outras partes do corpo.
Orelhas proeminente (orelhas de abano)
As orelhas proeminentes – muito mais conhecidas como orelha de abano – não são sempre consideradas estritamente uma malformação da orelha, mas é classificada dentro da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (a lista CID) dentro do grupo do grupo Q17 – Outras malformações congênitas da orelha.
Certamente a condição mais conhecida dessa lista, as orelhas de abano são marcadas pelo afastamento das orelhas em relação ao crânio, levando ao aspecto característico das orelhas proeminentes.
Normalmente, as orelhas de abano não são acompanhadas de nenhuma outra intercorrência e não causam nenhum tipo de prejuízo à audição ou dores, mas podem ter um alto impacto na autoestima e saúde mental das pessoas que nascem com elas.
O tratamento mais consagrado e definitivo é cirúrgico, por meio da otoplastia. Este também é um procedimento considerado bastante seguro, normalmente realizado com anestesia local e sedação.
Leia também: O Que É Otoplastia: Guia Completo
Orelhas de Stahl
As orelhas de Stahl são malformações relativamente raras que fazem com que a orelha tenha uma forma incomum, muitas vezes com uma dobra extra e um aspecto “pontudo” bastante característico.
O diagnóstico envolve avaliação clínica e, em alguns casos, exames de imagem. As causas precisas dessa condição são pouco compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos possam estar envolvidos. O tratamento frequentemente inclui cirurgia para corrigir a forma da orelha, tornando-a mais natural.
Criptotia
Criptotia é uma condição em que a orelha está parcialmente oculta sob a pele, quase parecendo ausente. O diagnóstico é baseado na observação clínica. A causa pode estar ligada ao desenvolvimento fetal anormal. Além da questão estética, esta condição costuma acarretar na impossibilidade do uso de óculos, já que as hastes não encontram apoio nas orelhas.
Uma curiosidade é que esta malformação da orelha externa tem um forte fator étnico, sendo relativamente comum em pessoas orientais e bastante rara em ocidentais.
O tratamento geralmente envolve cirurgia para reposicionar a orelha e revelá-la mais plenamente.
Orelha constricta
Por fim, temos as chamadas orelhas constrictas, que não se trata de uma condição propriamente, mas de um termo “guarda-chuva”. Um artigo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica explica que “o termo ‘orelha constricta’ é utilizado para agrupar uma série de malformações do pavilhão auricular”. O que todas têm em comum é uma “rotação inadequada do complexo hélice/anti-hélice/escafa”.
Ou seja, se trata de uma série de malformações que podem variar em grau, gravidade e intercorrências auditivas. Mesmo nos casos mais graves, existem opções de intervenções cirúrgicas para a reconstrução das orelhas.
Malformação da orelha externa – Considerações Finais
Neste artigo, batemos um papo sobre malformações da orelha externa, indo desde o que são e a própria definição de uma “malformação” até entendermos um pouquinho mais sobre cada uma delas.
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